Professora de Ed. Infantil e Psicóloga. Trabalha com escrita e leitura terapêutica. Também escreve poesias, contos, crônicas, resenhas de filmes e livros relacionando-os com temáticas da psicologia.
10/12/2016
Deslocamento
Uma vez demasiadamente temeroso, quando já havia voltado ao quarto que havia
improvisado para ele muito mais vezes do que nas outras noites, minhas
pálpebras pesavam tanto que não vi outro jeito a não ser o de me colocar ao seu
lado na cama. Embora a poltrona fosse confortável, eu não dormi. Serafim parara
de gemer e eu remexia as minhas memórias involuntariamente e então, quem passou
a gemer internamente com dores profundas fui eu. Isso se repetia com tanta
frequência que eu concluía dramaticamente que me fazer passar a noite em claro
com o pensamento atribulado pelas dores do passado, era uma forma de Serafim
terminar a vida sendo sádico comigo.
03/12/2016
O excesso de estudos pode ser tão prejudicial quanto a falta
Fonte: neafconcursos.com |
Você pode construir o seu conhecimento ainda que sem muitos recursos e obter todos os recursos possíveis à partir do conhecimento que adquiriu. É só saber usá-lo e aplicá-lo. Não precisa de sorte. Só disposição e empenho. Vale a pena investir em conhecimento! Mas muito cuidado com a frequência com que isto é feito, pois, tudo que é praticado em demasia pode trazer respostas psicológicas indesejáveis. Tudo o que ativa a sensação de prazer e/ou que é feito em excesso, pode constituir-se em um ato compulsivo e, por isto, danoso, seja a alimentação, o uso do álcool, da internet, a prática de esportes, games, sexo ou a busca pelo conhecimento.
Uma professora contou que voltava para casa depois de sair da escola e assim que chegou na rua em que morava, ela não sabia qual era sua casa mesmo tendo morado lá há muitos anos. Indo de uma esquina a outra várias vezes, uma vizinha a parou e questionou o que ela estaria procurando. Muito confusa ela respondeu que não sabia como chegar em casa porque havia esquecido onde morava.
Ela não era uma pessoa idosa, era uma pessoa saudável e nunca havia demonstrado problemas até então. Isso ocorreu quando ela estava na faixa dos seus 16 anos. A vizinha a levou para casa e informando à sua mãe o que havia acontecido, levaram-a no neurologista e quando este questionou toda sua rotina diária, deu-lhe a seguinte prescrição médica:
"Pare de estudar!"
Um adolescente que ainda não entenda a importância dos estudos, receberia as palavras do médico com grande satisfação, mas a menina que não fazia nada mais além disso, viu-se obrigada a ter de repetir o ano letivo, porque até de ir para a escola naquele ano, foi proibida.
Na triagem de atendimento psicológico com os estagiários de um curso de psicologia, ouve-se o seguinte relato durante a supervisão: Um rapaz passa a questionar tudo à sua volta, não consegue mais acreditar e confiar em ninguém e isso o deprime porque todas suas certezas se esvaíram e ele sentia-se desfragmentado a tal ponto de não mais saber quem ele mesmo era, de não ver mais sentido em nada, de estar em profunda angústia e sofrimento. Após apaixonar-se pela abordagem existencialista, o jovem passou a dedicar-se integralmente a pesquisar esta área do conhecimento e tinha mais tempo de pesquisa do que em seu curso superior de filosofia, já se sentia sem rumo a muito tempo e obteve uma enorme desconfiança de tudo: religião, amigos, família... Como tudo começou? Quando ele se aprofundou em seus estudos. O auxílio de um psicólogo foi um pedido de socorro de sua tia. O rapaz vê o irmão empenhado em estudar filosofia e teme que o mesmo lhe aconteça.
Estão aí dois exemplos de que nada! Absolutamente nada em excesso é bom para o ser humano. Nem os estudos.
Administrar o tempo inclui atividades diversificadas. Passar horas fazendo uma mesma atividade é prejudicial ainda que seja uma atividade considerada saudável.
O especialista em vícios e professor da UnB, Raphael Boechat, citado por Danilo Alves, alerta para os malefícios que o excesso pode causar, como o isolamento social. Ele ressalta que para evitar esses problemas, é preciso achar um meio termo, mas geralmente o indivíduo não percebe que está exagerando. É preciso que alguém mostre o problema.
Se a falta de estudos é um problema, o excesso também pode ser. Pecar por excesso, neste sentido também não é uma boa, principalmente se a pessoa não tiver um objetivo para ser alcançado em um espaço de tempo como passar em uma prova para concurso público, vaga de estudos em uma instituição de ensino, etc.
Dedicar-se a estudar em um determinado período para alcançar um determinado objetivo e abrir mão de algumas rotinas costumeiras e diárias, bem como privar-se de sair aos fins de semana e feriados, pode ser normal até certo ponto, embora, quando se estende demais este período de forma que a pessoa não consiga fazer outra coisa além de estar entre os livros, apostilas e pesquisas, deve se tomar muito cuidado.
Estudar em excesso pode se tornar um ato compulsivo e este constitui-se em uma fuga da realidade. Foge-se da realidade quando é buscado esquivar-se de enfrentar um determinado problema ou elaborar uma frustração.
Segundo Ballone, comportamentos compulsivos são hábitos seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia. Não há uma causa bem estabelecida para a ocorrência de comportamentos compulsivos. Pode-se falar em vulnerabilidades e predisposições, seja de elementos familiares, tais como os hábitos consequentes à extrema insegurança e aprendidos no seio familiar, seja por razões individuais e relacionados às vivências do passado e a ao dinamismo psicológico pessoal, seja por razões biológicas, de acordo com o funcionamento orgânico e mental. Assim, comportamentos compulsivos podem ser entendidos como atitudes de enfrentamento da ansiedade e/ou angústia, trazendo conseqüências físicas, psicológicas e sociais graves.
A qualidade dos estudos não está ligada à quantidade excessiva de tempo que se investe nele, mas à elementos que são priorizados quando ele é realizado: Ambiente iluminado, concentração e atenção, técnicas e métodos mais eficazes para uma determinada pessoa, planejamento, objetivo e dormir com qualidade, pois o sono é imprescindível para quem estuda, através dele há a produção de melatonina, responsável por um sono reparador que é onde as memórias vão ser armazenadas no hipocampo, por isso, estudar antes de dormir também é eficaz.
Além do cansaço mental que acarreta problemas psicológicos, estudar em excesso pode trazer danos físicos também, uma vez que a pessoa fica muito tempo em uma única posição, além de ter cansaço visual, pois os músculos ciliares estarão trabalhando muito durante a leitura. O equilíbrio é a chave para tudo na vida, ser um studenholic pode levar o indivíduo literalmente à loucura se ele não organizar seu tempo e souber dividi-lo também entre a família, lazer, trabalho, entre outras atividades.
Além do cansaço mental que acarreta problemas psicológicos, estudar em excesso pode trazer danos físicos também, uma vez que a pessoa fica muito tempo em uma única posição, além de ter cansaço visual, pois os músculos ciliares estarão trabalhando muito durante a leitura. O equilíbrio é a chave para tudo na vida, ser um studenholic pode levar o indivíduo literalmente à loucura se ele não organizar seu tempo e souber dividi-lo também entre a família, lazer, trabalho, entre outras atividades.
REFERÊNCIAS:
BALLONE, Geraldo J. Comportamentos Compulsivos. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n15/diseases/compulsive.html, Acesso em 27 de novembro de 2016.
03/10/2016
Silêncio
"Amor e tosse, impossível ocultá-los"
(George Herbert)
Seu carro estava estacionado próximo a um bar. Parada em frente ao portão da escola aguardava para atravessar. Fez o impossível, mas não conseguiu conter um sorriso ao vê-lo encostado em seu carro a esperando com as mãos nos bolsos e o uniforme da escola.
– Será que você me perdoa? – ela fez uma expressão de incompreensão quando ele perguntou – O
imprevisto no trabalho fez com que eu perdesse a melhor aula do mundo. E eu
podia fazer de tudo, menos deixar de vir aqui te ver. Liguei várias vezes, mas
seu celular estava desligado. Queria muito te ouvir.
– Meu celular estava fora de área – dando
uma desculpa qualquer, olhava insistentemente para os lados.
– Então eu devo processar a operadora
por me deixar desfalecer sem a cura da tua voz.
Não esboçou nenhuma reação ao que ele
falara. Deu às costas, destravou o alarme do carro, abriu a porta do carona
deixando os livros e a pasta no banco. Ele continuou paralisado seguindo seus
movimentos.
– Nos vemos quinta! Tem trabalho pra
segunda que vem. É um resumo do capítulo 4 do livro de Chassot. Vale ponto. –
falou dando à volta separando a chave de ignição.
Ele foi ágil e posicionou-se bem à
sua frente. Abriu a porta do carro para ela e tocou disfarçadamente em seus
cabelos, enquanto a fitava nos olhos.
– E eu te dou um ponto se você
resumir o que está acontecendo entre nós.
– Lucas, pelo amor de Deus! – falava
entre os dentes, desvencilhando-se do toque do rapaz – Isso é coisa da sua
cabeça.
– Quem vai te passar uma tarefa agora
vai ser eu, moça! Eu só quero uma chance de mostrar que você está errada. Se
você não quiser mais e ter certeza de que tudo isso é passageiro, vai ser ponto
pra você. Mas se eu conseguir fazer você entender que além de fundamento, o que
sentimos um pelo outro não tem fim... Ponto pra mim. Quer jogar? – deu uma
piscada.
– Nunca!
– Perigoso demais, não é? Está com
medo de perder? Você não é covarde...
Porque não me mostra quem você é de verdade? – a desafiou cruzando os braços, apontando rapidamente o queixo para frente e, esperando uma resposta, deu o melhor sorriso que pôde, fazendo com que fosse impossível a recusa de qualquer coisa que ele pedisse.
– Entra! – ela resmungou de forma
seca sem pensar muito, sua racionalidade foi bloqueada com aquele sorriso.
Ele mal podia acreditar, era bem mais
do que esperava. Ainda segurando a porta e um sorriso de triunfo, fez um sinal
pra que ela entrasse no carro primeiro. Deu à volta, sentou no banco do carona
e assim que se acomodou, colocou os pertences dela e a mochila que carregava no
banco de trás.
– Quero ter as mãos livre pra tocar
você.
– Faça isso e eu jogo o lado do
carona com toda força no primeiro poste que eu ver pela frente.
Ele deu uma risada. Estava feliz e
sabia que apesar de tensa, ela também estava. Não sabia pra onde ela o estava
levando, mas iria onde quer que ela o levasse. Mudos viajaram pouco menos de 4 km.
Ele até tentara, mas ela sempre deixava suas perguntas sem resposta, embora se
olhavam por todo trajeto, ela, de forma muito mais receosa, com o desejo à flor
da pele e o coração apertado.
Como forma de quebrar o longo e duro silêncio, o rádio foi ligado. Tocava uma música romântica e ela rapidamente impulsionou-se
para trocar a estação, mas ele a conteve segurando em seu pulso olhando-a nos
olhos e cantando junto:
– Sem contar os dias que me faz
morrer! Sem saber de ti, jogado à solidão... – ele canta baixinho olhando-a
transferindo por seus olhos todo seu sentimento – mantenha os olhos na estrada!
Para de tremer! É apenas uma música! – ele brincava com a gangorra de emoções e sentimentos que ela tentava não transparecer, mas que era perceptível, irritada pela seriedade
que o rapaz advertiu, ela o obedece e se volta para estrada, colocando as duas mãos no volante, como se ele não
estivesse ao seu lado, até seu corpo todo se arrepiar quando um pouco mais alto
ele prossegue cantando olhando para ela – eu quero mesmo é viver pra esperar e
esperar, devorar você... – ela permaneceu com os olhos fixos na direção, com os sentidos
aguçados, a ponto de colidir com as emoções.
Parou em frente à praia, saltou do
carro, passou as mãos em torno dos braços e ia em direção à outra calçada sem
esperar por ele, caminhando lentamente com os braços cruzados com o pensamento
abarrotado de preocupações.
– Será que agora você pode falar
comigo? – ele vinha logo atrás carregando a mochila e uma paixão incandescente.
– Psiu! – pediu silêncio, sem retirar
o olhar da praia – Estava gostando mais da seriedade no seu rosto do que essa
serenidade infantil. Quem ainda sustenta palavras diante da imensidão destes
dois céus estrelados? Parece que o mar é uma extensão do céu, as
luzes dos veleiros são as estrelas que vieram ver o mar e ficaram presas nas
ondas. Não é linda essa paisagem?
– Linda de verdade é a mulher que está agora bem diante dos meus olhos. Eu amo ouvir você, mas não posso me
calar agora. Não nesse momento em que estamos sós. Me diz porque você me olha
desse jeito? Por que você me instiga assim? A princípio eu pensei que fosse
coisa minha, até perceber que eu também te perturbava.
Ela agora olhava para ele enquanto o
ouvia. Tentava decifrar seu coração olhando em seus olhos o mais profundo que
podia. Continuou em silêncio. Depois, voltando-se para o mar ressaltou interpretando
uma frieza no semblante, que ocultava a tristeza da voz:
– Lucas, eu sou sua professora! Isso tudo é muito ridículo. Eu nunca vou poder corresponder suas expectativas.
– E é a professora mais linda que eu
já tive – ele só ouvira a primeira frase. Sorriu delicado. As palavras dela,
acenderam nele um desejo ainda maior – eu quero dizer ao mundo o quanto você é
importante pra mim, mas... Ninguém precisa saber se a gente tiver junto, se
você não quiser. Olha, sempre trago comigo esperando o dia em que eu poderia te
entregar isso – tirou a mochila das costas, pegou uma caixinha preta de veludo,
na parte da frente. Depositou a mochila ao lado, apoiando-a em sua perna. Sem
parar de olhar para ela, abriu a caixinha, revelando um anel. Ela não se conteve. Gargalhou alto, surpresa:
– Lucas, para! Isso deve ter custado
caro. Você é louco em achar que pode haver algo entre nós. Por favor, esquece
isso! Repito. Isso é ridículo! – recusou a caixa com as mãos, fazendo o semblante do rapaz enfraquecer.
– Você me trouxe até aqui. Você me
quer, tanto quanto eu te quero e isso basta! Eu sinto isso sempre que nossos
olhos se encontram.
Curvou-se, pegou a mochila novamente,
abriu-a. Retirou um caderno de desenhos. Na primeira página, tinha um desenho
dela.
De forma mais contida ela ria agora
da inocência e graciosidade do rapaz.
– Sou eu em mangá? – ela puxou o
caderno de suas mãos. Ele tentava estudar as expressões dela enquanto olhava os
desenhos tentando reconhecer algum traço que poderia denunciar uma possível
satisfação, mas o semblante de Priscila permanecia o mesmo, até que seus olhos
brilharam por alguns segundos, mas ele não percebeu, uma vez que ela meneou a
cabeça fechando o caderno abruptamente.
Ele detestava o silêncio dela. Talvez
por amar demasiadamente a forma com que ela se expressava. Silenciou também. E
agora se empenhava em ouvir o som de sua respiração e do sorriso que ela
esforçava-se para conter. Tocou em seus braços sem tirar o olhar dos seus
cabelos, depois, sem muito sucesso, buscando encontrar seu olhar, ele
pronunciou:
– “...Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te
sem fim e odiando te rogo,
e a
medida do meu amor viajante,
é não te
ver e amar-te, como um cego...” – ela abaixou o olhar, olhava para a calçada à seus pés. Ele continuou
um trecho de outro poema:
– “...Dois
amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez
enquanto vivem,
são eternos como é a
natureza.”
– Chega de
me comprar com Neruda! – sorriram juntos. Encararam-se por um bom tempo – Que
horas você tem que estar em casa?
– Não tenho
que estar em casa, tenho que estar com você.
Ela se voltou para ele
aproximando-se:
– Ok! Só
essa noite, Lucas! Mas não quero seu presente. Guarda para uma namoradinha.
–
Priscila, por quanto tempo mais você vai deixar de acreditar em mim? – ele irritou-se com o desdém que ela falara – Porque você vai
deixar de acreditar em nós? Você não está negando uma chance a mim, mas a si
mesma. Você sabe que isso não começou ontem, nem semana passada,
nem mês passado... Se quiser, eu saio daquela droga de escola! Você não é assim
tão mais velha que eu e eu não sou um aluninho seu da pré-escola – ele agora
falava firme. A olhava nos olhos e não deixava sua face cair enquanto a fixava,
sustentando-a com a ponta de seus dedos.
Ela esforçava-se para fazer expressão
de incompreensão. Torceu os lábios e murmurava desvencilhando seu olhar para
outros lugares enquanto ele falava. Batia os pés como se o que ouvisse a incomodasse
profundamente ou como se não aprovasse o que ele dizia. Soltou um suspiro,
tirou as mãos dele de seu queixo, revirou os olhos e sarcasticamente perguntou:
– Acabou?
– É necessário ser tão racional? – ele continuava não ligando para
seus gestos e expressões – O que eu sinto é muito intenso. Eu te quero muito!
Prisccila silenciou os
gestos e suspiros falsos, embora incapaz de o encarar mantinha os olhos fixos
no mar. Ao contrário do que tentava demonstrar, mais do que tudo, ela
desejava não acreditar no que ele falava. Mas cada palavra de Lucas acertava
seu coração rachando a resistência que ela tentava em vão, manter intacta – Eu
sei que você me quer do mesmo jeito intenso do qual te quero. Eu posso ver isso
só de olhar agora pra tua pele que queima de satisfação e desejo por estar
comigo. Não fuja dos meus e dos seus sentimentos, Priscila.
– Vamos
voltar! – ela apelou quase suplicando com um embargo na voz.
– Não! Se
é a última vez como você diz, quero contemplar a lua ao teu lado.
Mas uma vez em silêncio, ela moveu-se em direção a areia da praia, dando a entender que havia consentido
a proposta dele. Estava calada por fora, mas em seu interior gritava aflita de
paixão. Sentou-se estendendo as pernas na areia a acariciando com a ponta dos
pés e o calcanhar. Ele sentara-se ao seu lado. Tinha verdadeira veneração por
seus cabelos, os quais foram profundamente afagados assim que ele se acomodou
ao seu lado. Ele o havia desenhado tantas vezes... Extasiado pulsava seu
coração na necessidade de reproduzir seu olhar refletindo o luar.
– Em
minhas veias transpassam e se afloram a essência de tuas vontades. Incitando em
mim, a ânsia de cumprir a ordem daquilo que desejas – soprara em seu ouvido a
abraçando suave.
– Estes
não são de Neruda!
– Não! São
seus.
– Meus?
– Sim! Os
escrevi pra você...
– Lucas! – ela o interrompeu preocupada – Precisamos voltar. Disse à minha
mãe que chegaria cedo.
– Avise a
ela que você está comigo. E que não há perigo – disse ironicamente esforçando
um sorriso de bom menino – parece um sonho estar assim tão perto dela.
– Dela quem?
– Da sua boca. Já a desenhei tantas
vezes. Essa aproximação só acontecia nos meus sonhos. Estar assim tão próximo do meu objeto de desejo está me deixando
eufórico.
– Eufórico
não seria bem a palavra, não é? – sorriem – Precisamos mesmo voltar. O vento está soprando muito
alto e forte. Essa melodia prediz chuva. Mas, qual é mesmo a sua proposta? É
muita intensidade pra um romance só. Meu coração não está protegido contra
todas essas investidas de paixonite aguda de sedutores de plantão. Isso deveria ser crime com pena perpétua.
– Não seja tão dramática! – riu-se – E pela
tortura que você está fazendo comigo, também deve apoiar pena de morte. É uma delícia saber que eu te desestabilizo. Olha...
– faz com as mãos um sinal para que ela espere, fica em pé bem à sua frente
e pega no bolso na calça um molho de chaves – essa
aqui quadradinha é a chave do portão da minha casa, essa mais redondinha, está
vendo? É a do portão da frente. Já essa vermelhinha é do cadeado do armário do
meu trabalho... Mas essa aqui, ó... – ele retira uma chave pequena do chaveiro,
entrega em uma de suas mãos, e a fecha segurando firmemente, sem deixar um
segundo de olhar em seus olhos – Essa é a chave do meu coração. É pequena e
frágil bem como o local no qual eu desejo que você se instale, embora, você já
o tenha invadido sem me pedir permissão.
Ele vencera, Priscila
sabia. Levou as mãos fechadas ao peito segurando a pequena chave que ele com
todo carinho simbolizou como a chave de seu coração. Não consegue conter-se e
levantando, apoiada nas mãos de Lucas o abraça forte.
– Isso é
uma breguice, você sabe, não é?! – solta-o olhando fixamente nos olhos do rapaz
– Mas não consigo mais cogitar se isso é
certo ou não, – seus olhos encheram-se de lágrimas – eu precisava tanto fazer o
que é certo, mas... Não tenho mais forças! Acho que você treinou horas pra me
enlouquecer falando desse jeito. Mas saiba que, desde o primeiro momento em que
eu te olhei há alguns meses atrás, saberia que você me daria um trabalho
enorme. Mas nem poderia imaginar que eu me apaixonaria assim, nem que seria
digna de tamanha admiração.
– Então, só por uma vez... Diz que me
quer? – ele pediu com um sorriso que ela não teria condições de recusar.
– Garoto,
garoto...!
– Psiu! – a calou pondo uma de suas
mãos em sua boca – Vou te provar que sou muito
homem.
Em um movimento abrupto e instantâneo
ele a segura pelo pulso e a puxa para si. Os olhos dela se arregalam de espanto
e surpresa. Fez impulso para desprender-se, mas ele a segurou com mais força.
Ela chamou por seu nome, revestida de desejo, mas não saiu som. Ele leu seus
lábios e, sem tirar os olhos deles, tateou seu punho bem devagar chegando em
suas mãos entrelaçando seus dedos aos dela. Ela não mais resistia. Ele a
envolveu em seus abraços apertando sua cintura com firmeza, trazendo-a cada vez
mais para si.
Com um misto de paixão e medo, o
coração aos pulos, ela colocou suas mãos sobre os ombros dele e o abraçou
descansando a face sobre seu ombro direito. Chorava. Ele sabia que sim. Podia
sentir suas lágrimas molhando seu ombro. Afastou-a, limpou uma lágrima com um
beijo. Limpou outra também. Curvou-se e finalmente a beijou. Ele a levantou
deixando seus pés suspensos no ar. Ela sentiu-se flutuar. Uma lágrima rolou
agora pela intensidade do momento. Ela pôde sentir algo quente e úmido tocar
seu rosto. Ele também chorava. Ela o beijou com mais paixão e por um longo
tempo, suas línguas, corpos e mentes continuaram entrelaçados, até que o dia amanheceu.
28/08/2016
Lembranças, vivências e lições
Na minha infância e um pouco depois dela, tive amigas maravilhosas com as quais me divertia bastante, era um tempo em que se ria muito e de tudo. Com algumas eu tentava imaginar como seria quando estivéssemos bem velhinhas, era impossível nos imaginar separadas. Em um belo dia de sol, estaríamos nos divertindo em uma enorme piscina de uma mansão no exterior com algumas crianças de nomes estranhos, ao lado de algum bonitão como o Leonardo DiCaprio ou o Johnny Depp que integravam a lista de "boys magia" da nossa época. A tabuada não estava tão na ponta da língua como as letras de músicas das nossas bandas favoritas, não éramos tão boas em inglês mas amávamos cantar e dançar "If you wanna be my lover..." ou "everybody, yeah!" Com outras amigas eu passava a madrugada inteira conversando sobre os problemas que eu achava que tinha, do nosso futuro cheio de dinheiro ou das nossas paixonites por algum professor, artista de TV ou boy band.
Brigávamos por qualquer motivo, para logo depois fazer as pazes e voltarmos a nos falar como se nada tivesse acontecido. Tudo era mais fácil e natural. Mas, a maturidade - se é que se pode chamar assim - nos tira essa virtude. A virtude da cicatrização das mágoas de forma imediata. Isso é simplesmente sublime! Não existe nada mais incrível e belo do que essa capacidade infantil do perdão espontâneo. É muito fácil para as crianças e pesado demais para nós adultos que somos considerados emocionalmente maduros. Toda criança tem um dom especial igual ao que o Wolverine possui. Só que o anti-herói tem o poder de regeneração dos tecidos e órgãos físicos instantaneamente, enquanto as crianças têm o dom de cura súbita das mágoas e de restaurar a confiança daquilo que ficou abalado. Elas podiam nos ensinar como faz.
Algumas eram minhas "melhores amigas para sempre" com as quais eu passava grande parte do meu tempo, que tinham acesso aos meus diários e segredos, que sabiam tudo sobre mim e em meus aniversários me escreviam ou diziam palavras jurando amizade eterna, mas que hoje nem sei onde moram, o que fazem, como e com quem estão. Porque de alguma forma amadurecemos, porque as pessoas mudam, porque existem outras prioridades (in)felizmente.
Uma vez eu conversava com uma amiga exatamente sobre esse assunto e ela me disse: "Puxa! Acredito que não há nada pior do que ver um amigo virar um estranho. Perder um amigo na vida, é algo muito ruim". Ela me disse isso justamente em uma semana que eu estava refletindo sobre a passagem de pessoas que foram importantes na nossa vida em um dado momento e eu disse a ela que existia algo pior, sim! E então comecei a contar a história da minha amiga Priscila. Uma amizade que se consolidou quando eu já estava bem distante dessa fase que cito no início.
Priscila foi uma professora que havia se tornado uma grande amiga e nós nos comunicávamos sempre que podíamos. Ela havia travado uma batalha contra o câncer e havia vencido. Assim que fui visitá-la para celebrarmos esta conquista, ela me falava de todo o seu processo, das lutas que passara com a doença e da alegria de ter sido curada. Nunca a tinha visto chorar neste tempo em que ela estava em tratamento, o sorriso fazia parte do seu rosto todas as vezes que eu a via. E com uma alegria incrivelmente mais intensa, ela me recebeu em sua casa e me falava da última novidade de sua vida após a cura do câncer: O seu casamento dali a alguns meses.
"Toca aqui no meu seio, Eliz! Tem um caroço" - ela me disse com uma expressão serena um pouco antes de eu ir embora - "Mas o médico disse que não há de ser nada, só que devo fazer alguns exames." Era uma proeminência do tamanho de uma cereja, mas estávamos tão efusivas com as novidades que não tínhamos espaço para grandes preocupações naquele momento.
Algumas semanas se passaram depois desse dia e eu não tive mais contato com a Priscila por conta de ter perdido o meu aparelho de celular e não ter mais os números dela em nenhum lugar. Eu frequentava muito o bairro onde ela morava, era um bairro comercial chamado Vilar dos Teles situado em São João de Meriti aqui no Rio, onde ela morava com sua mãe. Logo depois ela casou-se tornando nossos desencontros mais frequentes, pois, mudou-se para Sumaré. Sabia algumas poucas coisas sobre ela de forma indireta, pois, já que ela não me procurava, eu também fazia o mesmo. Afinal é aquela história: "Quem não te procura, é porque não sente sua falta." Não é verdade? Nem sempre.
A maratona da vida impedia-me de tentar vencer o orgulho de ter tempo em procurá-la. "Vou esperar que ela me procure." Afirmava a mim mesma quando passava em frente a casa da sua mãe. O pensamento de chama-la à porta e perguntar pela filha nem me vinha à mente uma vez que eu retribuía o interesse da mesma forma que eu julgava que ela fazia a mim. Mas na verdade eu sentia muito sua falta. A admirava por ela ter sido uma pessoa que fez diferença na minha vida me ensinando um outro idioma, me aproximando para a sua vida quando ainda era minha professora, me ensinou principalmente que precisamos nos fortalecer frente aos problemas mais difíceis da nossa vida e enfrentá-los com otimismo.
Em uma noite de sábado, fui acessar minhas redes sociais. Fazia exatamente um ano que não nos falávamos, fazia aproximadamente nove meses que ela havia se casado. Eu sempre quis saber como ela estava, como estava na sua nova casa, se ela já havia voltado a lecionar, eu esperava notícias dela sempre, um sinal, uma ligação, uma mensagem, quaisquer informações... Mas eu era orgulhosa demais para buscá-las. E naquela noite as notícias chegaram. E foi um tipo de notícia que eu não esperava receber. Amigos que tínhamos em comum, me entregavam agora informações das quais eu jamais poderia ter imaginado: A notícia do velório da Priscila que aconteceria no dia seguinte... Aquele nódulo que eu havia tocado um ano atrás anunciava a volta de um novo câncer e mais uma batalha foi travada contra ele no momento em que eu cheia de orgulho, fiquei distante dela.
Não adianta nada chorar por remorso, certo? Mas foi o que eu fiz. Chorei também de uma saudade que não será amenizada nunca e, enquanto eu me dissolvia em lágrimas cresceu em mim um forte desejo de abraçar todos os meus amigos. Principalmente aqueles que eu vivia marcando encontros que nunca iriam acontecer.
Linda, minha amiga descansava curiosamente com o sorriso de sempre. Isso é algo que jamais vou esquecer. Quando fui abraçar sua mãe, aquela que eu passava em frente à casa todas às vezes que ia à Vilar dos Teles, ela me disse algo que eu também nunca vou esquecer e que deixou-me ainda mais triste por meu afastamento nefasto quando uma de minhas amigas passava mais uma vez por um momento complicado: "Querida, porque você sumiu? Minha filha perdeu os seus telefones e vivia perguntando por você. Cadê aquela minha amiga, mãe? Aquela que vinha aqui em casa? Mas eu não podia fazer nada. Eu também não sabia onde te encontrar... Como te procurar..." Eu só fui capaz de pedir desculpas e abraçá-la com lágrimas nos olhos contendo os soluços.
E depois de contar essa história à amiga que me falou que não havia nada mais triste do que perder um amigo na vida, eu disse que pior do que perder um amigo na vida, era perdê-lo para a morte. Quando ficamos mais velhos, deixamos de procurar nossos amigos com a mesma avidez que os procurávamos quando mais jovens para termos alegria e satisfação de estarmos ao seu lado ou dá-los a alegria de auxiliá-los no que precisarem, deixamos de passar preciosos momentos ao lado de pessoas que nos fazem felizes ou de fazê-las felizes, pois, estamos fadigados de atividades e responsabilidades.
Enfim, é muito raro eu marcar algo em que eu não vá estar presente, é muito raro eu não exaltar o valor que cada amigo tem pra mim. Contudo, apesar de todo esse fato com a Pri, ainda preciso aprender a não mais "matar" pessoas estando elas ainda bem vivas em minha memória, pois, depois que elas morrerem de fato, não há o que fazer. A Priscila se foi e, como uma boa docente continua me ensinando. Gratidão!
18/08/2016
Acreditar - Vital combustível para Crescer
O ato de desenvolver-se fisicamente flui a partir do nascimento
Mas para desenvolver o intelecto, deve-se buscar crescimento
E buscar crescer é entender que em seu ser é preciso ativar
Uma atitude simples, bela e positiva que se denomina: Acreditar
Ativada, seus efeitos desencadeiam uma série de bons acessos
É a chave que dá-nos ingresso à chance de progredir e ter sucesso
Acreditar em si, na vida e nos sonhos te faz alcançar o impossível
Esta atitude é uma virtude e, exercitá-la se tornou imprescindível
Seja no amor, em um mundo melhor, em Deus ou na humanidade
Ouça, pesquise, reflita, para assim acreditar com certa criticidade
Sem precisar desaprender a alçar voos nutrindo simples fantasias
Mas cientes que dedicação e trabalho garantem reais conquistas
Diante de momentos cotidianos costumeiramente tão adversos
Que há superficialidade e os relacionamentos são complexos
Mais que uma chave, acreditar se tornou um vital combustível
Modifica o conformismo fazendo crescer... Um ser indestrutível!
Música: Mais uma vez / Renato Russo - Legião Urbana
17/08/2016
Escrever, um vício
As palavras saltam tal como sai subitamente o singulto. Assim como este se caracteriza em uma contração espasmódica involuntária, o ato de transcrever meus pensamentos também o é. Na verdade, mesmo que minha mente esteja desabitada de ideias, meus dedos saem rabiscando alguma letra. É que escrever me é tão vital quanto respirar.
08/08/2016
01/08/2016
É errado rir de quem fala "errado"
"Os seres humanos nascem ignorantes, mas bastam anos de escolaridade para que eles se tornem estúpidos." (George Bernard Shaw) |
Clínico Geral que trabalhava no Hospital Santa Rosa de Lima em SP zomba de paciente nas redes sociais e é demitido.
Um médico de um hospital localizado no interior de São Paulo, em Serra Negra, zombou de um paciente pobre que falou de forma (in)correta as palavras pneumonia e raios x. Muitos dos comentários em sua postagem, reforçavam a piada feita pelo médico que só retirou a postagem quando o acompanhante do homem que falou tais palavras fez um comentário afirmando que o senhor em questão, possui uma fala humilde por não ter tido estudo e que ficaria bastante entristecido se soubesse que serviu de chacota.
É pela língua que o mundo acontece. Não existem os falares errados, o que existem são falares diferentes. Da mesma forma como o ser humano está em constante processo de mudança, e também o mundo está sempre mudando, a língua também varia. Desse modo, precisamos entender que a língua deve servir sempre como fator de aglutinação social e não de discriminação e exclusão (SANTOS, 2012).
Sabe aquelas pessoas que falam bicicreta, craro e probrema? Isso é uma característica de dislalia. A dislalia é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. O dislálico omite ou acrescenta fonemas, distorce-os ou troca-os. A dislalia pode ser causado por perturbações orgânicas ou funcionais. A primeira refere-se aos problemas de má formação das inervações da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro órgão da fonação ou devido a uma fissura no lábio, o que se conhece como lábio leporino. Também pode ser devido a um freio lingual muito curto ou muito grosso. A Dislalia Funcional tem a ver com hereditariedade, imitação e/ou alterações emocionais. Ocorrendo um déficit na discriminação auditiva e déficit na estimulação linguística além de ser mais comum em crianças hiperativas. A ignorância sobre o distúrbio leva as pessoas que o tem, a sofrerem bullyng. Os "erros" da fala para a escrita também são comuns, por isso, a criança dislálica muitas vezes tem problemas educacionais por conta da escrita. É necessário um tratamento fonoaudiológico e isso requer recursos financeiros para realizá-lo.
O paciente atendido pelo médico foi um um mecânico de 42 anos, não se pode afirmar que o senhor pode ter um quadro de dislalia, mas o que eu quero enfatizar é que nós não temos o direito de julgar o comportamento do médico que riu do senhor uma vez que muitas vezes fazemos o mesmo com os "erros" alheio. Ocorreu um pedido de desculpas por parte do médico, não sabemos se foi por pressões sociais, por receio de possíveis processos ou por arrependimento mesmo. Em muitas postagens e notícias que foram feitas em crítica a este caso, o médico foi acusado de faltar com ética e ter sido preconceituoso. Mas frequentemente internautas compartilham postagens nas redes sociais que ridiculariza quem fala errado, então não é compreensível o motivo da revolta ou do fingimento dela.
Somos pessoas incoerentes e contraditórias, agimos muitas vezes como o doutor agiu. Fazemos chacota de quem fala errado. Passou da hora de entender que o que importa não é a forma de como se fala, mas o fato de sermos capazes de nos comunicar. Não existe certo ou errado quando se trata de comunicação. Você entendeu o que foi dito mesmo que tenham dito errado? Então não amole! Corrija, com humildade e não humilhe. Falar errado só está errado quando o receptor não compreende a mensagem.
A linguagem coloquial difere da norma culta e esta é imprescindível para a prática da escrita, contudo o português é uma língua linda, porém cheia de complexidade e, ter um vocabulário escorreito não é tão simples.
O padrão de uma linguagem é a comunicação e o que existe é o falar de acordo com a imposição de uma classe social dominante para discriminar socialmente as pessoas. Porém, é certo que o português, o espanhol, o francês, o romeno e o italiano nasceram do "falar errado" o latim clássico. Se a ralé não falasse "errado" o latim clássico, tais línguas não existiriam (Toledo (Pr), abril de 2007).
É errado rir de quem fala "errado". O médico fez o que muita gente faria, inclusive a zombaria em rede social. É feio rir dos outros. O doutor ganhou uma justa causa. Espero que agora ele tenha aprendido. Espero que agora nós tenhamos aprendido.
Referências:
CLUBE DA FALA - Oratória e Fonoaudiologia. Dislalia (Troca de letras). http://www.clubedafala.com.br/fonoaudiologia/dislalia-troca-de-letras/. (Acesso em 01 de Agosto de 2016).
SANTOS, João Cabral Rodrigues. Existe falar certo e falar errado? Variedades linguísticas no Brasil. http://www.junipampa.net/2012/11/existe-falar-certo-ou-falar-errado_22.html. (Acesso em 30 de julho de 2016).
TOLEDO (Pr), abril de 2007. Falar certo e falar errado. http://acslogos.dominiotemporario.com/doc/FALAR_CERTO_E_FALAR_ERRADO.pdf. (Acesso em 30 de julho de 2016).
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