03/12/2016

O excesso de estudos pode ser tão prejudicial quanto a falta

Fonte: neafconcursos.com


         

          Você pode construir o seu conhecimento ainda que sem muitos recursos e obter todos os recursos possíveis à partir do conhecimento que adquiriu. É só saber usá-lo e aplicá-lo. Não precisa de sorte. Só disposição e empenho. Vale a pena investir em conhecimento! Mas muito cuidado com a frequência com que isto é feito, pois, tudo que é praticado em demasia pode trazer respostas psicológicas indesejáveis. Tudo o que ativa a sensação de prazer e/ou que é feito em excesso, pode constituir-se em um ato compulsivo e, por isto, danoso, seja a alimentação, o uso do álcool, da internet, a prática de esportes, games, sexo ou a busca pelo conhecimento.
          Uma professora contou que voltava para casa depois de sair da escola e assim que chegou na rua em que morava, ela não sabia qual era sua casa mesmo tendo morado lá há muitos anos. Indo de uma esquina a outra várias vezes, uma vizinha a parou e questionou o que ela estaria procurando. Muito confusa ela respondeu que não sabia como chegar em casa porque havia esquecido onde morava.
          Ela não era uma pessoa idosa, era uma pessoa saudável e nunca havia demonstrado problemas até então. Isso ocorreu quando ela estava na faixa dos seus 16 anos. A vizinha a levou para casa e informando à sua mãe o que havia acontecido, levaram-a no neurologista e quando este questionou toda sua rotina diária, deu-lhe a seguinte prescrição médica:
          "Pare de estudar!"
          Um adolescente que ainda não entenda a importância dos estudos, receberia as palavras do médico com grande satisfação, mas a menina que não fazia nada mais além disso, viu-se obrigada a ter de repetir o ano letivo, porque até de ir para a escola naquele ano, foi proibida.
          Na triagem de atendimento psicológico com os estagiários de um curso de psicologia, ouve-se o seguinte relato durante a supervisão: Um rapaz passa a questionar tudo à sua volta, não consegue mais acreditar e confiar em ninguém e isso o deprime porque todas suas certezas se esvaíram e ele sentia-se desfragmentado a tal ponto de não mais saber quem ele mesmo era, de não ver mais sentido em nada, de estar em profunda angústia e sofrimento. Após apaixonar-se pela abordagem existencialista, o jovem passou a dedicar-se integralmente a pesquisar esta área do conhecimento e tinha mais tempo de pesquisa do que em seu curso superior de filosofia, já se sentia sem rumo a muito tempo e obteve uma enorme desconfiança de tudo: religião, amigos, família... Como tudo começou? Quando ele se aprofundou em seus estudos. O auxílio de um psicólogo foi um pedido de socorro de sua tia. O rapaz vê o irmão empenhado em estudar filosofia e teme que o mesmo lhe aconteça.
          Estão aí dois exemplos de que nada! Absolutamente nada em excesso é bom para o ser humano. Nem os estudos.
          Administrar o tempo inclui atividades diversificadas. Passar horas fazendo uma mesma atividade é prejudicial ainda que seja uma atividade considerada saudável.
          O especialista em vícios e professor da UnB, Raphael Boechat, citado por Danilo Alves, alerta para os malefícios que o excesso pode causar, como o isolamento social. Ele ressalta que para evitar esses problemas, é preciso achar um meio termo, mas geralmente o indivíduo não percebe que está exagerando. É preciso que alguém mostre o problema.
          Se a falta de estudos é um problema, o excesso também pode ser. Pecar por excesso, neste sentido também não é uma boa, principalmente se a pessoa não tiver um objetivo para ser alcançado em um espaço de tempo como passar em uma prova para concurso público, vaga de estudos em uma instituição de ensino, etc.
          Dedicar-se a estudar em um determinado período para alcançar um determinado objetivo e abrir mão de algumas rotinas costumeiras e diárias, bem como privar-se de sair aos fins de semana e feriados, pode ser normal até certo ponto, embora, quando se estende demais este período de forma que a pessoa não consiga fazer outra coisa além de estar entre os livros, apostilas e pesquisas, deve se tomar muito cuidado.
         Estudar em excesso pode se tornar um ato compulsivo e este constitui-se em uma fuga da realidade. Foge-se da realidade quando é buscado esquivar-se de enfrentar um determinado problema ou elaborar uma frustração.
          Segundo Ballone, comportamentos compulsivos são hábitos seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio de ansiedade e/ou angústia. Não há uma causa bem estabelecida para a ocorrência de comportamentos compulsivos. Pode-se falar em vulnerabilidades e predisposições, seja de elementos familiares, tais como os hábitos consequentes à extrema insegurança e aprendidos no seio familiar, seja por razões individuais e relacionados às vivências do passado e a ao dinamismo psicológico pessoal, seja por razões biológicas, de acordo com o funcionamento orgânico e mental. Assim, comportamentos compulsivos podem ser entendidos como atitudes de enfrentamento da ansiedade e/ou angústia, trazendo conseqüências físicas, psicológicas e sociais graves.
          A qualidade dos estudos não está ligada à quantidade excessiva de tempo que se investe nele, mas à elementos que são priorizados quando ele é realizado: Ambiente iluminado, concentração e atenção, técnicas e métodos mais eficazes para uma determinada pessoa, planejamento, objetivo e dormir com qualidade, pois o sono é imprescindível para quem estuda, através dele há a produção de melatonina, responsável por um sono reparador que é onde as memórias vão ser armazenadas no hipocampo, por isso, estudar antes de dormir também é eficaz.
           Além do cansaço mental que acarreta problemas psicológicos, estudar em excesso pode trazer danos físicos também, uma vez que a pessoa fica muito tempo em uma única posição, além de ter cansaço visual, pois os músculos ciliares estarão trabalhando muito durante a leitura. O equilíbrio é a chave para tudo na vida, ser um studenholic pode levar o indivíduo literalmente à loucura se ele não organizar seu tempo e souber dividi-lo também entre a família, lazer, trabalho, entre outras atividades.

            

REFERÊNCIAS:


ALVES, Daniel. Viciados em estudos passam até 14 horas por dia entre os livros. Disponível em: http://jornalismo.iesb.br/2015/05/23/viciados-em-estudos-passam-ate-14-horas-por-dia-entre-livros-e-apostilas/. Acesso 27 de novembro de 2016.


BALLONE, Geraldo J. Comportamentos Compulsivos. Disponível em: http://www.cerebromente.org.br/n15/diseases/compulsive.html, Acesso em 27 de novembro de 2016.

2 comentários:

carla azevedo disse...

concordo com tudo que disse kk esse ano larguei tudo, festas, amigos, redes sociais, leituras de livros (so lia os obrigatorios para vestibulares), estudava nos finais de semana, era realmente uma rotina muito puxada. cheguei no meio do ano muito cansada, nao aguentava estudar meia hora, resultado fiquei quase 1 mes sem estudar direito, dai diminuir o ritmo, tem que saber balancear tudo.
http://dose-of-poetry.blogspot.com.br/

Eliziane Dias disse...

Tem sim, Carla! Equilíbrio é a base de tudo, não é? Grata pela visita!